Queda no preço do leite
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Arquivo DR - Embora a produção leiteira esteja aumentando, o valor pago ao produtor não acompanha este movimento.
Reflexo de uma série de fatores, o mercado lácteo está vendo os preços despencarem neste inverno. No segundo mês consecutivo de baixa, negociações sinalizam para novas reduções no médio prazo
A produção leiteira não vive um cenário estável, isso é inegável. Sofre influência pelas condições climáticas, é regulada pelo mercado consumidor e também tem sente as nuances econômicas. A junção de todos esses fatores é uma mudança no comportamento do mercado, como o que estamos vivendo nesse ano.
Historicamente, os meses de maio, junho e julho eram de valorização da produção leiteira. Em 2023, a sinalização do mercado é para o oposto.
Em Santa Catarina, os preços pagos ao produtor apresentam recuo. É o que mostra a reunião do Conselho Paritário Produtores/Indústria de leite (Conseleite SC). O grupo esteve reunido em 26 de maio, onde os valores foram discutidos.
Para o leite com qualidade acima do padrão, houve recuo entre R$0,10 e R$0,30. O valor médio estimado para maio é de R$3,0652. Em abril, o valor consolidado foi de R$3,2029.
A produção com qualidade padrão tende a registrar recuo de preços entre R$0,11 e R$0,25 ao litro entregue. Em abril, o preço médio ficou na casa dos R$2,6040. Para maio, a expectativa é de R$2,4920.
Entre R$0,10 e R$0,30 é a retração na produção com qualidade inferior ao padrão. Com valor consolidado em R$2,4111 em abril, a estimativa para maio é de R$2,3074.
Produtividade
Entre os meses de maio e julho, as pastagens de inverno começam a produzir. Como consequência, há um maior volume de alimento aos rebanhos e consequentemente maior produtividade.
O excedente de leite no mercado tende a gerar uma mudança no comportamento da indústria. Neste sentido, a queda do valor pago ao produtor é um dos reflexos observados.
Com pequena intensidade, o recuo do valor já foi sentido. Expectativa é que seja mais forte nos próximos meses.
Consumo
Nos últimos meses, o consumo de lácteos e derivados apresentou uma retração. O movimento do mercado consumidor advém de vários fatores, principalmente da sazonalidade.
Em abril, o padrão de consumo foi abaixo da média do período. Em outros anos, em maio havia um leve aumento no consumo, no entanto, neste ano esse movimento não foi visto. Expectativa é que o mercado aqueça em junho.
Mercado
No mercado brasileiro, a industrialização de leites sofreu uma queda acentuada. Em média, os produtos apresentaram recuo de 5% do valor final.
O maior percentual foi registrado no queijo tipo muçarela. De R$29,10, o valor médio do quilo passou para R$27,60, em levantamento feito pela MilkPoint Mercado.
Leite UHT teve retração de 5,2%. No início de junho, o valor médio do litro está R$4,17. Há poucos dias, estava R$4,40.
No caso do leite em pó, o índice de retração foi um pouco menor. O estudo da MilkPoint Mercado registra retração de 3,5%. Na última quinzena de maio, o valor desceu de R$26,60 para R$25,70.
Um dos fatores que causou essa movimentação no cenário é a importação de industrializados do leite. Com o valor do dólar mais baixo, o custo de importação reduziu. Com isso, a produção do Uruguai e da Argentina tem chego mais facilmente ao Brasil.
Matéria prima
Reflexo da política de economia nacional, a produção de milho e soja vivem constante oscilação de preços. Neste sentido, a retração no valor das sacas tem impactado na produção leiteira.
Por um lado, o produtor passa a ter matéria prima mais acessível e o custo de produção diminui. No outro lado, o mercado pressiona para que os preços acompanhem o mesmo movimento.
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